O sábado é, para um judeu, o dia próprio “Daquele que é Santo”, é o dia que Gênesis 1 descreve como o dia do “repouso de Deus”: Deus “repousa” (não “descansa”!!!), se sente à vontade, em harmonia com a sua criação. É o dia que lhe pertence e por isso é louvado, honrado, cultuado. Todo o Antigo Testamento exalta o Sábado como o dia em que Jahvé fala ao seu povo.
Mas, de repente, com Jesus, o sábado mais importante muda de fisionomia: é um sábado de profundo silêncio. É a única ausência de Jesus: «Dias virão em que lhes será tirado o noivo» (Mt 9,15). Tudo mudou, nada de festa, ritos, cantos...
Se o silêncio cava em nós tão profundamente, quanto mais o silêncio de Deus! O silêncio nos embaraça porque, não fazendo perguntas, também não exige respostas e nós somos acostumados a buscar culpados ou respostas para tudo, como se as respostas resolvessem os problemas. Saber de quem é a culpa diminui a dor? Saber o porquê da morte de Jesus diminuiu o sofrimento de Maria e dos discípulos?
Mas, e se o silêncio de Deus fosse em si uma resposta? Uma resposta que nos reconduz ao verdadeiro caminho. Aí entra em jogo toda a nossa liberdade, criatividade, responsabilidade, enfim, o homem como um todo e não apenas a razão. Para aqueles que esperavam ver o Messias triunfante tomar posse de Jerusalém para dar início a uma libertação política, Jesus morreu; para aqueles que esperavam a solução dos próprios problemas, Jesus morreu; para quem esperava a realização da Promessa, Jesus morreu.
Mas, como viver e dar sentido ao silêncio de Deus? Como prosseguir, quando não temos respostas? A tentação é “empacar”, teimar, fechar-se em frases como: “ninguém me entende… eu preciso….”.
O que faz a Igreja no sábado? Ela relê o que Deus fez, trilha o único caminho que podemos percorrer para saber “como Deus agirá”. E o saberemos com certeza, sem possibilidade de erro! Deus nunca nos deixa no vazio!
Quando os hebreus estavam em crise de identidade ou confusão, em vez de procurar respostas em suas próprias mentes, faziam o “memorial”, isto é, reviviam juntos as coisas que Deus havia feito em suas vidas, desde as coisas em favor do povo todo, como aquelas pessoais ou familiares. Ver como Deus agiu dava a certeza de “saber” como agiria! Apenas restava ao homem a “confiança”. Sim, aquela que tiveram os apóstolos e Maria; mesmo confusos e humilhados por constatar as próprias fragilidades, estavam unidos.
A resposta não tardou a vir. Nunca Ele nos deixará em suspenso se aprendermos a usar bem o silêncio de Deus, a transformar a angústia em firme espera. Saber ler o passado, confiar na Palavra que Ele diz, nos permitirá sempre interpretar o presente para poder olhar, confiantes, o «dia após o sábado» (Jo. 20,1).
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BOM DIA
A PAZ DE CRISTO E AMOR DE MARIA.
VINDE E VEDE