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quinta-feira, 21 de maio de 2020

Hannah Arendt e o Totalitarismo



A partir da obra de Hannah Arendt, observamos a sua relação com o totalitarismo, como ela o encara e tenta por meio do texto "Ideologia e terror: Uma nova forma de governo", obter a essência do regime de que forma ele se diferencia dos demais regimes autoritários. Para a autora, o totalitarismo, como partido único, onde não há possibilidade de qualquer concorrência ou oposição, promove uma manipulação das massas, substituindo o sistema partidário. O princípio do medo anula a esfera política, ou seja, o terror paralisa as discussões e espontaneidade humanas de querer transformar a sua realidade, o que dificulta a sua própria condição de existência.
Os movimentos do totalitarismo num contexto histórico é de fácil identificação, basta observar o cenário da ascensão dos nazistas ao poder na Europa e, consequentemente dos seus representantes, Hitler e Stalin. Com a subida de Hitler ao poder, os judeus já não tinham mais um lugar na sociedade alemã e, passaram a ser então, alvo do terror dos nazistas. Os judeus perdem o seu valor, sendo vistos como aqueles que não possuíam raízes em nenhum país e nem pensavam em quaisquer interesses políticos, mas sim nos próprios. Tomar o povo judeu como vítima do terror, não foi uma atitude sem reflexão ou planejamento, mas sim uma manobra política, que serviu para a permanência do totalitarismo, o que só seria possível com a aprovação da maioria, do medo e terror, como estratégia de controle político. Os grandes ditadores tinham o consentimento de agir com o uso da força e do mal, eram forças legítimas consideradas instrumentos políticas eficientes para o monopólio do poder e o controle das populações. É relevante ainda, destacar que os nazistas assumiram posições de comando na Alemanha, com o apoio da grande população. Os comandantes, principalmente Hitler e Stalin, utilizaram a propaganda como meio de difundir o mal como um atrativo sedutor.
Uma das armas deste regime sem dúvidas, foi a exposição manipulada da mídia fazendo com que, as massas pudessem confiar nos nazistas, hipótese indispensável para a manutenção destes no poder. Faz-se fundamental a ressalva de que totalitarismo surgiu por meio de mecanismos como a polícia, a propaganda e o terror, considerados como o tripé orientador do totalitarismo, e não, por meio de um golpe de um ditador desenfreado. Desta forma, o desenvolvimento do Estado-nação está intrinsecamente relacionado ao antissemitismo moderno, o qual banaliza atitudes cruéis, através de assassinos que matam impiedosamente, com o único objetivo da concretização da conquista nazista ao poder totalitário. A consolidação dos regimes totalitários se deu pela sustentação do apoio das massas. Por sua vez, os elementos principais do projeto de regime totalitário tinham pressupostos como utilizar o terror como meio de disseminação do medo e dor, transformar classes sociais em massas e promover movimentos de massas, bem como transferir o poder do exército para a polícia. Assim sendo, a prática do terror, assumiu a forma política e ideológica do regime totalitário, o que permitiu com que os grupos opressores agissem sem impedimentos, já que o princípio do medo neutralizava a ação política dos homens. De acordo com Hannah Arendt, o terror não poderia apenas ser considerado uma disseminação do medo, mas um instrumento político, que determinava a forma de governo dos que mandavam aos que obedeciam, ou seja, com a aprovação das massas. Desta forma, o medo, como principal ferramenta do totalitarismo, anulava a participação e a crítica, bem como a ação política dos homens. Assim, a legitimidade do poder dos líderes no regime totalitarismo foi marcada intensamente pelo apoio das massas. A crítica da razão governamental totalitária de Hannah Arendt ainda é pertinente na atualidade, tomando como exemplo, os genocídios, a acumulação de refugiados e outras questões atuais.