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quinta-feira, 9 de abril de 2020

Jesus de Nazaré II parte de Bento XVI

A segunda parte da obra “Jesus de Nazaré”, de Joseph Ratzinger – Bento XVI, foi lançada nesta quinta-feira, 10. A obra está dividida em nove capítulos e é dedicada aos momentos que precederam a morte de Jesus e a sua ressurreição, mostrando as palavras e acontecimentos decisivos da vida de Cristo.
A seguir, confira um resumo dos principais pontos abordados em cada um dos capítulos da obra:
Capítulo 1 – Fala sobre a entrada de Jesus em Jerusalém, recebido com festa pela multidão, sentado sobre um jumentinho, como “um rei da paz e um rei da simplicidade, um rei dos pobres”. Não é um revolucionário político, “não se fundamenta sobre a violência; não inicia uma revolta militar contra Roma. O seu poder é de caráter contrário: é na pobreza de Deus, na paz de Deus que Ele identifica o único poder salvífico”, salienta Bento XVI.
O Santo Padre destaca que a violência não instaura o Reino de Deus. Ao contrário, é um dos instrumentos preferidos do anticristo, não servindo à humanidade, e sim desumanizando-a. “Jesus não vem como destruidor; não vem com a espada do revolucionário. Vem com o dom da cura”. Cristo, salienta o Bispo de Roma, dedica-se àqueles que, por causa de suas enfermidades, são colocados a margem da sociedade, mostrando Deus como Aquele que ama.
Particularmente, Ele é recebido com alegria pelos pequenos, “por aqueles que são capazes de ver com o coração puro e com simplicidade e que são abertos a sua bondade”, enfatiza o Papa. No dia seguinte à entrada em Jerusalém, Jesus combate a relação entre religião e comércio, salientando que o tempo se tornou um covil de ladrões.
Capítulo 2 – Após a entrada em Jerusalém, é proclamado “o grande discurso escatológico de Jesus, com os temas centrais da destruição do templo, da destruição de Jerusalém, do Juízo final e do fim do mundo”. Jesus, conta o Pontífice, tantas vezes quis acolher os filhos de Jerusalém, mas eles não quiseram, e depois os romanos destróem o templo e fazem um massacre dos judeus.
Para o judaísmo, “a destruição do templo deve ter sido um grande choque”: com o fim dos sacrifícios expiatórios eles não poderiam fazer nada que compensasse o mal crescente no mundo. Mas, com Jesus, “é superada a época do tempo de pedra. Inicio-se algo novo. Jesus mesmo é colocado no lugar do tempo, é Ele o novo templo, é a presença de Deus vivente. Nele Deus e homem, Deus e o mundo se encontram”. No seu amor, desfaz-se todo o pecado do mundo.
Jesus, no discurso escatológico, fala do tempo dos pagãos, localizado entre a destruição de Jerusalém e do fim do mundo: durante esse tempo, “o Evangelho deve ser levado a todo o mundo e a todos os homens: somente depois a história poderá chegar a sua meta”.
Deus quer salvar a todos. Jesus diz “o céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão”. A Palavra, salienta Bento XVI, é mais real e mais duradoura que todo o mundo material, “é a realidade verdadeira e confiável. Os elementos cósmicos passam; a palavra de Jesus é o verdadeiro ‘firmamento’ no qual o homem pode estar e permanecer”.
Capítulo 3 – Ao lavar os pecados, Jesus se despoja de seu esplendor divino para purificar a sujeira do mundo e para “tornar-nos capazes de participar do banquete nupcial de Deus”, realizando uma mudança radical na história da religião: diante de Deus, “não é a prática de rituais que purifica”, mas é “a fé que purifica o coração”.
O Papa explica que a novidade do Evangelho não pode consistir na elevação da prestação moral. “A nova Lei é a graça do Espírito Santo, não é uma nova norma, mas a nova interioridade doada pelo próprio Espírito de Deus”, salienta.
Segundo Bento XVI, somente se as pessoas se deixarem ser lavadas repetidamente por Deus poderão aprender a fazer junto a Ele aquilo que Ele fez. “Devemos deixar-nos imergir na misericórdia do Senhor para que, assim, nosso coração possa ser caminho de justiça”, salienta o Papa. O mandamento novo do amor “não é simplesmente uma exigência nova e superior: ele está ligado à novidade de Jesus Cristo – ao crescente ser imerso n’Ele”, afirma o Santo Padre.
A pureza é um dom, como ser cristão também é um dom que se desenvolve na dinâmica do viver e agir junto com este dom. Joseph Ratzinger explica que Pedro e Judas são dois modos diferentes de reagir diante desse dom. Ambos o acolhem, mas depois um o renega e outro o trai. Pedro, arrependido, crê no perdão. Também Judas arrepende-se, mas não “consegue mais acreditar no perdão. O seu arrependimento torna-se desespero… vê então somente as próprias trevas, é destrutivo e não é um verdadeiro arrependimento”. Em Judas, encontra-se o perigo que percorre todos os tempos, o perigo de quem, uma vez iluminado, através de uma série de formas aparentemente pequenas de infidelidade, decai espiritualmente e chega, ao final, saindo da luz, entra na noite e não é mais capaz de conversão.
Além disso, em Judas, que o trai, Jesus experimenta “a incompreensão, a infidelidade até no interior do círculo mais íntimo dos amigos. A ruptura da amizade acontece até na comunidade sacramental da Igreja, onde sempre de novo há pessoas que tomam ‘o seu pão’ e o atraiçoam”.
Capítulo 4 – A oração sacerdotal de Jesus é compreensível somente com o pano de fundo da liturgia da festa judaica da Expiação (Yom kippùr). A elevação de Jesus sobre a Cruz constitui “o dia da Expiação do mundo, em que toda a história do mundo encontra o seu sentido”: aquele de reconciliar-se com Deus. O não ser reconciliado com Deus constitui o problema essencial de toda a história do mundo.
A missão de Jesus é universal, é a de fazer com que “o homem, no tornar-se uma só coisa com Deus, volte a ser totalmente ele mesmo. Essa transformação, no entanto, tem o preço da cruz e, para as testemunhas de Cristo, aquele da disponibilidade do martírio”.
Capítulo 5 – O Papa afronta a questão das datas distintas da Última Ceia entre os Evangelhos Sinóticos e o Evangelho segundo João. Salienta que a pesquisa histórica pode chegar somente até certo grau de probabilidade, nunca a uma certeza última. “Se a certeza da fé baseasse-se exclusivamente sobre uma abordagem histórico-científica, permaneceria sempre passível de revisão”, adverte Bento XVI, complementando que a certeza última é-nos dada pela fé – o crer com a Igreja guiada pelo Espírito Santo.
Segundo o Papa, “a Última Ceia significa a sua despedida, pois não pertencia a nenhum determinado rito judaico. Ele dava algo de novo, dava a si mesmo como o verdadeiro Cordeiro, instituindo assim a Páscoa”. Bento XVI salienta que “aquilo que a Igreja celebra na Missa não é a última ceia, mas aquilo que o Senhor, durante a última ceia, instituiu e confiou à Igreja: a memória da sua morte sacrifical”.
Capítulo 6 – No Getsêmani, Jesus experimentou a última solidão e toda a tribulação do ser homem. Pedro é contrário à cruz e é apontado pelo Papa como sinal daquela atitude que tenta continuamente os cristãos e também a Igreja: sem a cruz, chegar ao sucesso.
Jesus pede que os discípulos façam vigília, mas é em vão. Uma angústia suprema assola Jesus, na consciência de tomar sobre si todo o mal do mundo: “é o encontra mesmo entre luz e trevas, entre vida e morte – o verdadeiro drama da escolha que caracteriza a história humana”. Jesus eleva a sua súplica ao Pai, Àquele que pode salvá-lo da morte.
Capítulo 7 – Bento XVI aborda o processo contra Jesus e sublinha que não foi o povo judeu como tal que desejou a morte de Cristo, pois também Jesus e seus discípulos eram judeus. Quem o acusava era a aristocracia do templo, mas com exceções (como Nicodemos), e os apoiadores da soltura de Barrabás.
Durante o processo, Pilatos pergunta: “O que é a verdade?”. O Papa indica: “A não redenção do mundo consiste no não reconhecimento da verdade, uma situação que, depois, conduz inevitavelmente ao domínio do pragmatismo e, desde modo, faz que o poder dos mais fortes torne-se deus deste mundo”.
Bento XVI recorda que, da mesma forma como Pilatos, muitos hoje entendem a questão acerca da verdade “irresolvível”. “Mas, sem a verdade, o homem não alcança o sentido da vida, deixa o campo aos mais fortes. A verdade torna-se reconhecível em Jesus Cristo. Externamente, ela é imponente no mundo – como Cristo, frente aos critérios do mundo, parece sem poder… é crucificada. Mas exatamente assim, na total falta de poder, Ele é poderoso, e somente assim a verdade torna-se sempre novamente uma potência”.
Capítulo 8 – A crucificação e a deposição de Jesus no sepulcro. O Papa recorda que ninguém esperava o fim do Messias na cruz, um fato, num primeiro momento, incompreensível e que levou a uma nova compreensão da Escritura.
Bento XVI recorda que a primeira palavra de Jesus sobre a Cruz é o pedido de perdão para os crucificadores, pois “não sabem o que fazem”. Ele também indica a figura do bom ladrão sobre a cruz como a imagem da esperança, “a certeza consoladora de que a misericórdia de Deus pode alcançar-nos também no último instante; a certeza de que a oração que implora a sua bondade não é em vão”.
O Papa também defende que “o bem é sempre infinitamente maior que todo o mal, por mais terrível que seja. Por isso, ao centro do ministério apostólico e do anúncio do Evangelho deve estar o ingresso no mistério da cruz. Ali, a obscuridade e a ilogicidade do pecado encontram-se com a santidade de Deus na sua luminosidade deslumbrante para os nossos olhos e isso vai além da nossa lógica. No entanto, na mensagem do Novo Testamento e na sua verificação na vida dos santos, o grande mistério torna-se totalmente luminoso. O mistério da expiação não deve ser sacrificado devido a qualquer racionalismo pedante”.
Capítulo 9 – A ressurreição de Jesus dentre os mortos. “Sem a fé na ressurreição a fé cristã é morta. Somente se Jesus ressuscitou aconteceu aquilo de verdadeiramente novo que transforma o mundo e a situação do homem”, diz o Papa.
O Pontífice explica que a ressurreição não foi o milagre de um cadáver reanimado. “Foi a entrada em um gênero de vida totalmente novo, rumo a uma vida não mais sujeita à lei do morrer e do tornar-se, mas que vai além disso – uma vida que inaugurou uma nova dimensão do ser homens. É uma espécie de ‘mutação decisiva’, um salto de qualidade. Está aberta uma nova possibilidade de ser homem, uma possibilidade que interessa a todos e abre um futuro, um novo gênero de futuro para os homens”.
Bento XVI questiona se a ressurreição estaria em contraste com a ciência. “Em toda a história daquilo que vive, os inícios das novidades são pequenos, quase invisíveis – podem ser ignorados. O Senhor mesmo disse que o ‘reino dos céus’, neste mundo, é como um grão de mostarda, a menor de todas as sementes. Mas traz em si a potencialidade infinita de Deus. A ressurreição de Jesus, do ponto de vista da história do mundo, é imperceptível, é a menor semente da história. Essa inversão da proporções faz parte dos mistérios de Deus. No final da contas, aquilo que é grande, poderoso, é o pequeno. E a semente pequena é a verdadeiramente grande. A ressurreição é um evento dentro da história que, todavia, quebra o âmbito da história e a supera”.
O Pontífice declara que é próprio do mistério de Deus agir de modo submisso. “Somente aos poucos Ele constrói na grande história da humanidade a sua história… Continuamente Ele bate de modo submisso na porta de nossos corações e, se lhe abrimos, lentamente torna-nos capazes de ‘ver’. Não é exatamente esse o estilo divino? Não sobrecarregar com o poder exterior, mas dar liberdade, doar e suscitar amor”.
Conclusão – E subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai e, de novo, vira em glória. O testemunho dos discípulos de Jesus “traduz-se essencialmente em uma missão: devem anunciar ao mundo que Jesus é o Vivente – a Vida mesma”.
Segundo o Papa, a narrativa do Evangelho de São Lucas sobre a ascensão diz que “os discípulos ficaram cheios de alegria depois que o Senhor ficou definitivamente distante deles. Não se sentem abandonados. Estão seguros de que o Ressuscitado exatamente agora está presente em meio a eles de uma maneira nova e poderosa, que não se pode mais perder. Está sempre presente em meio a nós e por nós”.
A confiança e a razão da alegria dos cristãos é que o Senhor sempre vem no momento oportuno, na expectativa de que Ele virá na glória. A fé no retorno de Cristo é o segundo pilar da profissão cristã. Isso implica a certeza na esperança de que Deus enxugará toda a lágrima, não permanecerá nada que seja privado de sentido, toda injustiça será superada e estabelecida a justiça. A vitória do amor será a última palavra da história do mundo. Nesse meio tempo, é pedida aos cristãos a vigilância. Vigilância significa sobretudo abertura ao bem, à verdade, a Deus, em meio a um mundo frequentemente inexplicável e em meio ao poder do mal. Os cristãos invocam a vinda definitiva de Jesus e veem, ao mesmo tempo, com alegria e gratidão Ele já agora antecipa a sua vinda, já agora entra em meio a nós. ‘Eu estou convosco todos os dias, até o fim do mundo'”.

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